A TERRA DE PONTE: POESIAS DE ANTÓNIO VIEIRA LISBOA









domingo, 2 de novembro de 2008

POESIAS DE ANTÓNIO VIEIRA LISBOA

Aventalinho azul

Não venhas mais descalça pela erva
com teu Aventalinho azul aos folhos.
Nem imaginas como isso enerva
e como isso faz mal aos olhos.

Se a erva se arrepia quando a calcas
e – leve – mal Te sente o Teu contacto
eu sinto-Te o ardôr que não recalcas
e que esconder não sabe o Corpo intacto.

Faz-me ciúme a erva chã que pisas
e que o Ribeiro logo a sêde lima.
A erva pode ver-Te as pernas lisas
olhando curiosa para cima.

Vem-me pensamentos que não ouso
pô-los em frente dos meus próprios olhos.
Por favor deixa ao menos em reposo
o teu aventalinho azul aos folhos.



A influência do lima

Lima! Mal sabes como em mim influi
tua paisagem doce, azul e calma…
mal sabes como nela se dilui
e a si reflui depois a minha Alma.

Ambição, glória vã … teu curso exclui.
Entre milénios, o ódio não te encalma …
O vingador sem lei que d’antes fui
o teu sereno rumo em mim acalma.



A Vida, até aqui amarescente,
branda e suave em teu redor desliza
com amoroso, promissório brilho.

Meus campos, tua água fertiliza …
Que de ti surja aquela moça ardente
que em flor me dê na Primavera um filho.

Do Livro, Chão de Amor

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