A TERRA DE PONTE: TRIBUTO AO POETA ANTÓNIO VIEIRA LISBOA









terça-feira, 15 de abril de 2008

TRIBUTO AO POETA ANTÓNIO VIEIRA LISBOA

Da obra «Poemas de Amor e Dúvida», Livraria Portugália, Lisboa,1941, retiramos este poema de António Vieira Lisboa, um poeta esquecido e que Ponte de Lima, teima em deixar que esse esquecimento se vá tornando perpétuo.
Nem o poeta merece esta indiferença, nem a comunidade Limiana tem o direito de permitir este abandono a que tem sido sujeito.

A...

(neta de bandeirante)

De que país estranho és Tu que a gente treme

involuntariamente ao ver Tua figura?

De que raça provéns sem traço algum extreme?

A Tua mãe é Selva e Teu pai Aventura.

Destino horrível em teus olhos trazes...

olhos que vêem através da Selva.

Penetrantes, de tigre, e verdes como a relva

de ignoto oásis.

Seu brilho corta, assusta e quási estanca

todo o prazer que o Corpo excita em nós.

Mas – tão macia e franca –

arrasta, encanta e prende a Tua voz.

Esse contraste fere a gente em hecatombe...

E, o júbilo que sentes, mostras sem sigilo.

Mas há de Ti quem zombe,

quem Te feriu, em vez de Tu feri-lo.

De que país distante ou de que terra esconsa

és Tu, maravilhosa criatura?

Olhos de tigre, clara a pele, Corpo d’onça

a Civilização c’oa Selva se mistura.


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