A TERRA DE PONTE: TRIBUTO AO POETA ANTÓNIO VIEIRA LISBOA









sábado, 17 de maio de 2008

TRIBUTO AO POETA ANTÓNIO VIEIRA LISBOA


Se eu morresse amanhã


Se eu morresse amanhã

diria em minha Aldeia todo o povo:

«Uma pessoa assim tão sã

que pena!... Moço tão novo!»

E a boa gente em triste compostura

iria em passo lento e tom funério

Acompanhar-me à sepultura

do velho Cemitério

E o meu vizinho, filho d’Algo e perro

porque faz pó o meu buick lesto

de fraque preto iria ao meu enterro

cheio de si e do seu gesto.

E Aquela que a sorrir me dilacera

e torna a minha Vida quási vã

tinha remorsos do que me fizera

se eu morresse amanhã.

Mas eu morro de velho e à passagem

que todos digam em voz alta:

Feliz viagem.

Já não fazia falta.

Do livro: poemas de Amor e Dúvida, livraria Portugália, Lisboa 1941 (28,29)

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