A TERRA DE PONTE: agosto 2007









sábado, 25 de agosto de 2007

Dia de satisfação e ansiedade em Vilar das Almas



Em Vilar das Almas, freguesia do concelho de Ponte de lima, onde residem os familiares das três crianças resgatadas ontem pela polícia venezuelana, a notícia foi recebida com grande satisfação, apesar de David Barreto Alcedo ainda continuar sequestrado. José Cardoso Barreto, primo do pai do comerciante sequestrado a 12 de Agosto, não escondeu a alegria por saber que as crianças já estão a salvo, mas espera que a libertação de David Barreto venha a acontecer rapidamente.
José Barreto foi informado do resgate das crianças pela comunicação social, mas o primo telefonou-lhe da Venezuela a confirmar a notícia. "Ligou-me a dizer que tudo tinha corrido bem com os meninos, mas que ainda faltava o David. Prometeu ligar-me de novo quando tivesse boas notícias", explicou José Barreto.
O primo do comerciante ainda sequestrado mostra-se confiante de que tudo vai acabar bem apesar de não esconder a ansiedade. "Era bom que tudo já estivesse terminado. Vamos ver como vai ser ", adiantou o familiar de David Barreto, que não quis dizer muito mais com receio de que as suas declarações possam comprometer o processo de resgate.
Em Vilar das Almas, onde residem cerca de 700 habitantes, o drama da família Barreto tem sido acompanhado com toda a atenção. No café da freguesia, propriedade do presidente da junta, as conversas foram ontem dominadas pelo resgate das três crianças. A satisfação era visível, apesar de permanecer a preocupação. "É uma situação bastante difícil e complicada, mas esperamos todos que o David vai ser libertado e vai tudo voltar à normalidade", afirmou Carlos Moreira. O autarca recordou ainda as tardes de "sueca" que José Barreto já passou no seu café com os primos, quando está de férias em Vilar das Almas. "Sentava-se aqui à mesa com os primos e era uma alegria. Tenho fé que tudo vai acabar bem", concluiu Carlos Moreira.

25.08.2007, Andreia Cruz in" jornal Público"

Morreu Eduardo Prado Coelho, a cultura portuguesa ficou mais pobre.



O corpo do professor Eduardo Prado Coelho vai estar em câmara ardente a partir das 17:30 de hoje no Palácio Galveias, de onde sairá o seu funeral às 11:00 de domingo, para o cemitério dos Prazeres.

O professor e ensaísta Eduardo Prado Coelho, de 63 anos, faleceu esta manhã na sua residência em Lisboa. O Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, já manifestou profunda consternação pela morte de Eduardo Prado Coelho e saudou o seu notável trabalho em prol da cultura e da vida cívica em Portugal.

"Profundamente consternado com a morte de Eduardo Prado Coelho (...) presto homenagem ao notável trabalho por ele realizado em prol da nossa cultura e da nossa vida cívica", declarou Cavaco Silva numa mensagem de condolências enviada à família do escritor.

O primeiro-ministro José Sócrates, pelo seu lado, lamentou a morte de Prado Coelho, que considerou ter sido um dos homens da cultura portuguesa que mais contribuiu para a promoção e divulgação cultural.

"O falecimento do professor Eduardo Prado Coelho provocou-me um sentimento de grande perda. Foi um grande nome da nossa cultura, grande intelectual português ao qual me ligavam laços de uma sólida e profunda amizade", disse.

A sua morte surpreendeu e entristeceu também o deputado socialista Manuel Alegre que considerou que Prado Coelho foi "um homem que marcou a cultura portuguesa e abriu caminho á mudança e vanguarda".

"Eduardo Prado Coelho era o intelectual mais brilhante da minha geração", defendeu Manuel Alegre, lembrando que o professor e ensaísta tinha abordado temas diversificados que vão desde o fado, ao cinema ou à moda.

Recordou-o ainda como homem de esquerda, "bastante pragmático" e considerou-o um homem de vanguarda, aberto ao movimento e à mudança.

Prado Coelho integrou a comissão política da candidatura de Manuel Alegre à presidência da República.

A ministra da cultura também considerou a morte de Prado Coelho "uma grande perda e uma grande tristeza" e recordou-o como um intelectual que soube cruzar vários saberes, conciliando "a investigação teórica com uma escrita iluminante".

Para Isabel Pires de Lima, o professor e ensaísta "esteve sempre muito atento à arte e ao pensamento contemporâneo português".

A ministra salientou ainda o papel de Prado Coelho como divulgador da cultura portuguesa no estrangeiro, nomeadamente em França, onde foi conselheiro cultural da embaixada durante 10 anos.

Para o fundador do Público Vicente Jorge Silva, Prado Coelho era "um consumidor cultural insaciável" que "tinha uma sede imensa de saber".

"Gostava de apreciar tudo o que andava no ar", considerou o professor Arnaldo Saraiva acrescentando que Prado coelho revelava "uma imagem forte da sua ambição de entender a vida e de entender os jogos de poder, mas também os mistérios da criação".

Nascido em Lisboa em 1944, Eduardo Prado Coelho foi autor de uma ampla bibliografia universitária e ensaística, onde se destacam um estudo de teoria literária "Os Universos da Crítica", vários livros de ensaios "O Reino Flutuante", "A Palavra sobre a Palavra", "A Letra Litoral", "A Mecânica dos Fluidos" e "A Noite do Mundo".

Os dois volumes de um diário "Tudo o Que Não Escrevi" mereceram o Grande Prémio de Literatura Autobiográfica da Associação Portuguesa de Escritores, em 1996.

Publicou recentemente "Diálogos sobre a Fé", escrito com o Cardeal Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo.

Eduardo Prado Coelho mantinha ampla colaboração em jornais e revistas e uma crónica semanal sobre literatura no jornal Público, para além de um comentário político quotidiano no mesmo jornal.

Licenciado em Filologia Românica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, doutorou-se em 1983 na mesma universidade.

Em 1988, foi para Paris ensinar no Departamento de Estudos Ibéricos da Sorbonne

in " jornal de Noticias "

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

FAMÍLIA PORTUGUESA RAPTADA NA VENEZUELA

Família de Portugueses raptada na Venezuela, no passado domingo tem ligações familiares em Ponte de Lima.
A viver num país, onde os raptos são frequentes, os limianos não escaparam a este pesadelo a que está sujeita em especial a comunidade portuguesa naquele país.

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

" LENDAS E NARRATIVAS " DO AUTO DOS TURCOS DE CRASTO-TURQUIA


O PILAUTA


O mês de Agosto, para as gentes de Crasto-Ribeira é sinal de festa do senhor da Cruz de Pedra e como tal, de representação do Auto dos Turcos de Crasto-turquia.
Assim foi durante muitos anos e quando não havia representação, como este ano, bem que os festeiros se esforçavam, reforçando o programa da festa, com a contratação de mais uma banda de música, mas nem assim as pessoas ficavam contentes e diziam mesmo, que festa sem Turquia não tinha o mesmo valor!
Os tempos mudaram, o progresso, também pode significar o fim para uma tradição como aquela que se vivia em Crasto por esta altura.
Contudo, nada melhor do que recordar esses tempos, para que não sejam esquecidas as tradições e para que não se apague da memória, o carinho, empenho e dedicação que a festa da Cruz de Pedra merecia dos populares de Crasto-Ribeira.
Assim, gostaria de partilhar algumas peripécias que se viveram nesta terra em anos de representações e que foram sendo cobertas pelo pó do tempo, mas que continuam bem guardadas no baú das memórias dos nossos pais e avós.
Conta-se que neste lugar, viveu em tempos um tal de “ Pilauta”, homem franzino, sempre acompanhado com o seu barrete de campino, verde e vermelho na cabeça, não fosse ele um aficionado da Vaca das Cordas, embora nunca a tivesse conseguido”botar à unha”, pessoa de parcos recursos, mas rico em honestidade e lealdade, coisa que hoje vai sendo cada vez mais raro.
O “Zé Pilauta”, apesar de ser homem para percorrer muita légua de estrada a pé, chegando a Viana ou Famalicão, sofria de uma doença que o afectou em pequeno, o cansaço. Estava sempre cansado, não tivesse ele sido o último almocreve conhecido por estas bandas.
Mesmo assim, “Pilauta”, não deixou de representar na Turquia e segundo dizem, fê-lo de tal forma empenhada, que quando caiu no chão “basado” por um tiro, apesar da insistência dos populares dispostas em atrapalhar-lhe o papel, gritando aos berros de “ levanta-te Pilauta, que vem a camineta”, foi incapaz de lhes dar ouvidos, mantendo-se deitado no chão, como morto.
Mas a insistência era tal, que na simplicidade da sua pessoa, sentiu-se tentado a confirmar se realmente isso era verdade; Levantando ligeiramente a cabeça e franzindo o sobrolho, vendo que tudo não passava de uma partida, ficou de tal modo incomodado, que respondeu ” – Porra, não bendes que estou morto?”
E assim ficou conhecido um turco que de outra forma teria passado despercebido, como o foram muitos outros.
Passados muitos anos, ainda esta peripécia servia de mote para muitas rizadas à volta de umas malgas de verde tinto, na taberna da Zefa do Rei, quando os amigos lhe pediam para contar como tinha sido a história,” quando morreste na Turquia de Crasto”.
Apesar de ter muitos amigos, morreu na simplicidade da sua condição e ao que se sabe, os únicos que verteram uma lágrima pela sua morte, foi o João da mena, os sinos da Ribeira e um ou outro fidalgo das redondezas.